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Araras vermelhas (Ara chloroptera) voando / Foto: Almir Távora

 

A arara vermelha (Ara chloroptera) pertence à família dos psitacídeos, animais que possuem como principais características seu bico forte e curvo, utilizado como forma de apoio para se locomover, pés firmes e que são, muitas vezes, utilizados para segurar o alimento e mandíbula móvel e articulada com o crânio. 

Diferentemente da arara azul, as araras vermelhas não estão ameaçadas de extinção por conta de se localizar, também, em outros países da América. Mas isso não significa que devemos deixar de nos preocupar, já que em alguns estados do Brasil elas correm riscos específicos, como por exemplo, no Paraná onde estão muito ameaçadas. 

Continue acompanhando, vamos falar melhor da espécie e quais são suas ameaças. 

 

Características Singulares 

As araras possuem características muito únicas e cada uma com sua particularidade. As araras vermelhas são o segundo maior psitacídeo do país e podem chegar a medir 95 centímetros, chegando a pesar, mais ou menos, 1,5kg.

Além disso, é uma ave extremamente chamativa, com sua plumagem em um vermelho vivo, asa mescla as cores vermelho, azul e verde, cauda alongada e vocalização forte e alta. Ainda, apresenta, em sua face, a pele nua, com algumas linhas finas de pequenas peninhas vermelhas. 

 

Arara-vermelha / Foto: Instituto Arara Azul

 

Uma espécie muito semelhante a ela, é a araracanga (Ara macao), mas há algumas características visíveis que as diferenciam. A arara vermelha é um pouco maior, possui os detalhes vermelhos em sua face (enquanto a araracanga não os possui) e apresenta uma coloração padrão de suas asas diferente, sendo elas verdes na parte média e azuis nas pontas até sua cauda (enquanto a da araracanga também inclui uma coloração amarelada). 

As duas espécies são reconhecidas como espécies irmãs, ou seja, são evolutivamente e morfologicamente semelhantes. 

 

Distribuição 

As araras vermelhas (Ara chloroptera) possuem ampla distribuição. Elas são aves da Mata Atlântica encontradas nos estados da Bahia, Minas Gerais e São Paulo, mas também nas regiões norte, centro-oeste e hoje são muito encontradas no Mato Grosso do Sul, sendo muito bem observadas e claro, onde o Instituto Arara Azul realiza suas pesquisas com estes animais. 

Além disso, também é encontrada em outros países da América do Sul como na Colômbia, Guianas, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina. Na América Central está localizada no Panamá. 

 

Distribuição geográfica da arara vermelha / Foto: IUCN

 

Um fato interessante descoberto no ano de 2012 em uma pesquisa realizada pelo Instituto Biociências da USP é  que a arara vermelha apresenta características genéticas populacionais diferenciadas em determinadas localizações em que habita. 

Por exemplo, araras vermelhas que residem na Bahia são geneticamente diferentes das que habitam no Mato Grosso do Sul. Isso é importante para os planos de manejo e conservação, pois caso haja alguma introdução das aves em diferentes estados, pode prejudicar as populações já residentes, como um exemplo, por transmissões de doenças.

 

Como se alimentam? E do que?

Sua alimentação é baseada em frutos e sementes, além de outras partes da planta, como brotos e flores. É  bastante generalista, as espécies de frutos e sementes podem variar bastante já que sua distribuição é bastante ampla. 

 

Alimentação da arara vermelha / Foto via Mundo Ecologia

  

Quando escolhem a árvore ideal para procurar e forragear alimento, pousam e começam sua busca, mas normalmente não ficam sozinhas, formando grupos de vários indivíduos na mesma árvore para se alimentar das sementes ou frutos disponíveis.

 

Monogamia 

Os psitacídeos, em geral, são monogâmicos e as araras vermelhas não são diferentes. A monogamia é muito eficiente para a espécie, já que dispõe de um cuidado maior com o parceiro e com a própria prole, garantindo assim, sua sobrevivência. 

 

Comportamento afiliativo das araras vermelhas / Foto: Kawaguti

 

Este comportamento é muito interessante e não está vinculado somente a cópula. Elas formam também vínculos sociais e afiliativos, realizando outras funções da vida juntas. Assim que passam pela época reprodutiva, estes animais permanecem juntos e se auxiliam na alimentação e limpeza das penas um do outro.

 

Reprodução e Cuidado Parental

A época reprodutiva destas aves ocorre de setembro – início da seca – a março – início do período chuvoso – no Pantanal, mas pode variar muito dependendo da região. 

 

Casal de araras vermelhas em seu ninho / Foto: Instituto Arara Azul

 

Após atingirem a maturidade sexual –  a partir dos 5 anos – formam os casais e então reproduzem anualmente.  

Nidificam em ocos de árvores e preferem áreas mais calmas e no interior de matas, selecionando ninhos mais camuflados na área de vegetação, com uma abertura menor e com mais profundidade. 

Além disso, são fiéis aos locais de nidificação, segundo a pesquisa feita pelo próprio Instituto Arara Azul, cerca de 71% dos casais reutilizaram os ninhos por pelo menos uma vez na década ou mais. Porém, é comum haver competição pelos ninhos com outras espécies, inclusive com a arara azul, o que às vezes dificulta as araras vermelhas de reutilizarem. 

 

Interação da arara vermelha com arara azul / Foto: Instituto Arara Azul

 

O período de incubação dos ovos ocorre durante 28 dias, botando cerca de 2 a 4 ovos.Já o cuidado parental do ninho, é realizado por ambos os pais. Enquanto a mãe incuba os ovos, o pai fica no processo de defesa do ninho para evitar predação por gaviões, tucanos, gambás e gralhas. Outros impactos também podem sofrer interferência na incubação ou na sobrevivência dos filhotes, como inundação ou perda do ninho. 

Como se sabe, nem todos sobrevivem, mas quando os casais conseguem ter os filhotes, cerca de 91% deles irão conseguir com que pelo menos um deles sobreviva e assim, acompanhem seu voo. 

 

Ameaças

Devido sua grande beleza e fácil adaptação, a arara vermelha é um dos alvos para o comércio ilegal de animais silvestres, a caça ilegal e comercialização de suas penas, além de sofrer com toda a devastação ambiental, como o desmatamento, queimadas e perda de habitat. 

Sobre o seu status de conservação, elas estão enquadradas como “Menos Preocupante” globalmente, na categoria da IUCN. Mas estão em risco de extinção, localmente no Paraná, Bahia e São Paulo, onde ocorrem somente no Parque Estadual Morro do Diabo, estando nas listas oficiais de espécies da fauna ameaçadas de extinção dos respectivos estados.

Apesar de serem muito conhecidas, as pesquisas envolvendo as araras vermelhas ainda não são muitas, deixando algumas lacunas do conhecimento da espécie. Esperamos que com esse texto, você tenha as conhecido melhor!

 

Texto por: Giovanna Leite Batistão

Revisado por: Jéssica Amaral Lara